- O que
aconteceu? – perguntou ela, sem abrir os olhos, ao dono dos braços que a
envolviam protetoramente.
- Você
desmaiou. – o rapaz respondeu, mas a voz não era a de Jake.
- Ian? –
ela abriu os olhos e deparou-se com um azul tão profundo que a impediu de
pensar por alguns instantes. Depois, o mesmo azul tirou-lhe todas as dúvidas.
- Lizbela.
– disse ele, como que em uma confirmação, com certa frieza na voz.
A garota
debateu-se, pedindo para ser colocada no chão, afirmando que já estava bem e
que podia andar. Mesmo assim, Ian não a soltou.
O aperto
dos braços dele era muito melhor que o dos de Jacques, muito mais confortável,
muito mais caloroso... e ainda assim, ela sentia medo de estar lá, como se todo
aquele conforto, todo aquele calor, de nada servisse. Como se aquilo não
fizesse parte do mundo dela.
- Quer que
eu te carregue, Lys? – perguntou Villaz, a voz dele ecoando logo atrás do
definido peitoral de Ian que impedia a visão da garota, tirando-a de seus
devaneios. Provavelmente ele havia percebido o desconforto da morena.
Ela tentou
lançar o peso do seu corpo para que Jake a pegasse. Não estava nem aí para a
educação, não estava nem aí para gentileza, e muito menos estava preocupada com
o que Ian ia pensar da rejeição dela. Ela só queria sentir-se segura, e essa
sensação poderia vir de qualquer um, menos de Ian.
O vampiro
não a soltou, nem pretendia soltá-la, na verdade. Queria que ela confiasse
nele, queria que seu brinquedinho se entregasse por completo, mas isso jamais
aconteceria se ele a entregasse para Jacques toda a vez que ela pedisse.
E o que
ele era, afinal? Sim, por que, fosse o que fosse, Villaz sabia que Ian era um
vampiro, e tratou de deixar isso bem claro quando mencionou o ato de “colocar
fogo” nas garotas. Fosse o que fosse, ele não pretendia esconder de Ian seu
conhecimento sobre vampiros.
“Merda, mais essa agora.” Pensou
ele, apertando ainda mais os braços ao redor de Elizabeth.
A garota
desistiu de debater-se. Ele era extremamente forte. Ao invés disso,
aconchegou-se da melhor maneira possível contra o peito do rapaz. Queria
concentrar-se nas sensações deliciosas do abraço protetor dele, e não em quem
era dono daqueles braços.
Mas
parecia impossível, por que era só ela fechar os olhos para enxergar os olhos
azuis até em seus pensamentos. Eram lindos, atraentes, enigmáticos... por um
instante, ela quis preencher o espaço entre seus lábios e os de Ian.
Um arrepio
percorreu seu corpo, originado do pensamento. A morena espremeu-se ainda mais
contra o forte peitoral dele.
Ela só
queria chegar logo à enfermaria para livrar-se daquele abraço desconfortável.
~*~*~
- Ah! Onde
eles estão, pelo amor de Deus? – pedia Joe a si mesmo, impaciente.
Desde que
Mary havia telefonado para ele dizendo que Lys havia sofrido uma queda e
desmaiado, ele havia corrido de encontro aos demais.
Eram
apenas dois minutos de corrida, e mesmo assim, assim que ele chegara ao ginásio
de eventos, encontrara-o vazio.
- Merda,
Mary Anne, atende essa porcaria de celular. Para que um celular que não para
atender? – ele continuava falando sozinho.
“Alô?” perguntou a voz do outro lado da
linha. Ele não tinha percebido que ela já havia atendido. “Escuta aqui, Joseph, se você planeja passar um trote, é mais idiota do
que...”
- Oi,
Mary. Desculpe. Como ela está? – ele foi despejando as palavras, uma após a
outra, com uma urgência impressionante.
A garota
explicou. Não havia passado do choque da queda, o desmaio tinha sido
perfeitamente comum em um caso como o dela. Nada com o que devessem se
preocupar.
O garoto
agradeceu, aliviado, e desligou o celular. Logo depois, a luz apagou-se, e o
ginásio mergulhou no escuro. Um frio dominou o local, um ar gelado e perigoso.
- Olá? Tem
alguém aí? Olha, isso não tem graça.– disse o rapaz, a determinação em sua voz.
- Olá,
Joseph. – Ouve uma pausa. O rapaz olhou para os lados, procurando o dono da voz
por entre a escuridão. - Adeus, Joseph. – disse a mesma voz masculina, antes de o moreno ser acertado
com algo pesado na cabeça.
A
escuridão o engolfou.