terça-feira, 12 de junho de 2012

Capítulo 2 - Parte 4

- O que aconteceu? – perguntou ela, sem abrir os olhos, ao dono dos braços que a envolviam protetoramente.
- Você desmaiou. – o rapaz respondeu, mas a voz não era a de Jake.
- Ian? – ela abriu os olhos e deparou-se com um azul tão profundo que a impediu de pensar por alguns instantes. Depois, o mesmo azul tirou-lhe todas as dúvidas.
- Lizbela. – disse ele, como que em uma confirmação, com certa frieza na voz.
A garota debateu-se, pedindo para ser colocada no chão, afirmando que já estava bem e que podia andar. Mesmo assim, Ian não a soltou.
O aperto dos braços dele era muito melhor que o dos de Jacques, muito mais confortável, muito mais caloroso... e ainda assim, ela sentia medo de estar lá, como se todo aquele conforto, todo aquele calor, de nada servisse. Como se aquilo não fizesse parte do mundo dela.
- Quer que eu te carregue, Lys? – perguntou Villaz, a voz dele ecoando logo atrás do definido peitoral de Ian que impedia a visão da garota, tirando-a de seus devaneios. Provavelmente ele havia percebido o desconforto da morena.
Ela tentou lançar o peso do seu corpo para que Jake a pegasse. Não estava nem aí para a educação, não estava nem aí para gentileza, e muito menos estava preocupada com o que Ian ia pensar da rejeição dela. Ela só queria sentir-se segura, e essa sensação poderia vir de qualquer um, menos de Ian.
O vampiro não a soltou, nem pretendia soltá-la, na verdade. Queria que ela confiasse nele, queria que seu brinquedinho se entregasse por completo, mas isso jamais aconteceria se ele a entregasse para Jacques toda a vez que ela pedisse.
E o que ele era, afinal? Sim, por que, fosse o que fosse, Villaz sabia que Ian era um vampiro, e tratou de deixar isso bem claro quando mencionou o ato de “colocar fogo” nas garotas. Fosse o que fosse, ele não pretendia esconder de Ian seu conhecimento sobre vampiros.
“Merda, mais essa agora.” Pensou ele, apertando ainda mais os braços ao redor de Elizabeth.
A garota desistiu de debater-se. Ele era extremamente forte. Ao invés disso, aconchegou-se da melhor maneira possível contra o peito do rapaz. Queria concentrar-se nas sensações deliciosas do abraço protetor dele, e não em quem era dono daqueles braços.
Mas parecia impossível, por que era só ela fechar os olhos para enxergar os olhos azuis até em seus pensamentos. Eram lindos, atraentes, enigmáticos... por um instante, ela quis preencher o espaço entre seus lábios e os de Ian.
Um arrepio percorreu seu corpo, originado do pensamento. A morena espremeu-se ainda mais contra o forte peitoral dele.
Ela só queria chegar logo à enfermaria para livrar-se daquele abraço desconfortável.

~*~*~

- Ah! Onde eles estão, pelo amor de Deus? – pedia Joe a si mesmo, impaciente.
Desde que Mary havia telefonado para ele dizendo que Lys havia sofrido uma queda e desmaiado, ele havia corrido de encontro aos demais.
Eram apenas dois minutos de corrida, e mesmo assim, assim que ele chegara ao ginásio de eventos, encontrara-o vazio.
- Merda, Mary Anne, atende essa porcaria de celular. Para que um celular que não para atender? – ele continuava falando sozinho.
“Alô?” perguntou a voz do outro lado da linha. Ele não tinha percebido que ela já havia atendido. “Escuta aqui, Joseph, se você planeja passar um trote, é mais idiota do que...”
- Oi, Mary. Desculpe. Como ela está? – ele foi despejando as palavras, uma após a outra, com uma urgência impressionante.
A garota explicou. Não havia passado do choque da queda, o desmaio tinha sido perfeitamente comum em um caso como o dela. Nada com o que devessem se preocupar.
O garoto agradeceu, aliviado, e desligou o celular. Logo depois, a luz apagou-se, e o ginásio mergulhou no escuro. Um frio dominou o local, um ar gelado e perigoso.
- Olá? Tem alguém aí? Olha, isso não tem graça.– disse o rapaz, a determinação em sua voz.
- Olá, Joseph. – Ouve uma pausa. O rapaz olhou para os lados, procurando o dono da voz por entre a escuridão. - Adeus, Joseph. – disse a mesma  voz masculina, antes de o moreno ser acertado com algo pesado na cabeça.
A escuridão o engolfou.

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