terça-feira, 22 de maio de 2012

Capítulo 2 - Parte 2

        Assim que chegou, tocou a campainha, na esperança de encontrar Mary sozinha ou com Joe.
        Enquanto ninguém abria a porta, Lys voltou suas atenções para um pedaço de balão azul na folhagem. Provavelmente algum convidado o havia estourado, deixando um pedaço do mesmo para trás. Ela tentou desenroscar o resquício da planta.
        - Tocou a campainha apenas para vermos você praticando uma boa ação para com nossa folhagem? – disse uma voz rouca vinda da porta.
        A garota não tinha percebido que alguém já havia atendido a porta, porém, ao levantar os olhos e confirmar suas suspeitas sobre o dono da voz, seus olhos prenderam-se na imagem.
        Lá estava Ian Armstrong, sem camisa, provavelmente recém acordado, demonstrando seu corpo em forma, seu peitoral definido, seus ombros largos e sua barriga bem delineada. Com os cabelos ainda bagunçados, os olhos de um azul que destacava-se ao longe e o sorriso mais encantador que ela já vira, ele podia roubar o brilho de um Deus da mitologia grega inteiramente para si.
        Mesmo assim, ela ainda sentia o impulso de correr para o lado contrário, de fugir dele para o local mais distante possível.
        O vampiro reparou no quanto Lys prendeu-se à sua imagem, no quanto ela perdeu-se enquanto o admirava, e isso o fez rir ruidosamente.
        Ela percebeu o riso do rapaz e tratou de tentar recompor-se, tentando acalmar as batidas de seu coração descompassado.
        - Olá, Lizbela!
        - Armstrong... a Mary está? – disse Elizabeth, tentando ignorar o fato de suas bochechas estarem rapidamente transformando-se em pontos de calor.
        O vampiro riu novamente. Ela estava realmente envergonhada por ter sido pega o admirando, por não ser discreta o suficiente para deixar de ser notada. E ela ainda o chamava pelo sobrenome, sinal de que tentava o afastar. Ele a afetava, e sabia disso. Na verdade, ele gostava disso.
        - Sim, ela está no banho... quer entrar e esperar? Tomar um café, ou algo do gênero?
        Ela olhou para dentro da casa, tentando não reparar nos músculos do braço do moreno. Viu quando Joe acenou lá de dentro. Ok, Joe estava em casa, ela podia entrar.
        - Claro, tudo bem. Oi Joe! – disse ela, enquanto entrava na casa pelo espaço pequeno que Ian havia liberado, tendo que praticamente espremer-se contra o peito nu dele.
        - Lizzie! Pronta para trabalho voluntário?
        - O que? – ela perguntou, sem entender.
        - Sim, você vai aguentar minha irmã o dia todo, está fazendo trabalho voluntário para com as pessoas com menos paciência do que você, como, por exemplo, eu.
        A garota riu, enquanto o perfume do rapaz de olhos azuis a rondava.
        Ian fez a volta por ela e entrou na cozinha, revirando a geladeira à procura de algo. Tirou de lá um jarro de suco de abacaxi, natural, pela quantidade de espuma. O preferido da garota.
        - Quer? – ofereceu ele, erguendo de leve o jarro.
        A garota pensou um pouco, hesitante, mas ela nunca conseguiria resistir ao suco natural de abacaxi.
        - Um pouco.
        O vampiro serviu um copo para a garota e entregou-lhe, encostando propositalmente sua mão na dela. Ela pareceu não perceber que o ato tinha sido proposital, mas mesmo assim esquivou-se.
        - Obrigada. – agradeceu, sem graça.
        Ele então pôs o jarro novamente na geladeira e saiu da cozinha. A garota olhou para as costas largas do rapaz, elogiando-as mentalmente.
        Assim que ele subiu as escadas, dois degraus por vez, a conversa pode fluir normalmente.
        - Lizzie, você viu a garota nova, uma tal de Ann Marie?
        - Sim, ela é irmã do carinha que a Mary tem um encontro semana que vem, não é?
        - Exato! Eu a ajudei a encontrar as salas de aula, apresentei a escola... ela é muito legal. Eu estava pensando em convidá-la para um cinema.
        Uma pontada de ciúmes atingiu a garota. Afinal, era seu melhor amigo, nada mais justo do que sentir ciúmes dele.
        - Eu não acho uma boa idéia... – ele a olhou, espantado. Ela continuou. - Um cinema é tão impessoal... tenta um restaurante, é mais tranqüilo e vocês podem conversar.
        Um sorriso brotou nos lábios dele, um sorriso bobo e apaixonado.
        - Verdade, acho que você está certa mesmo. Nossa, eu estou parecendo uma criancinha no seu primeiro encontro.
        - Todos vocês ficam assim quando estão apaixonados, Hidel. É normal.
        O rapaz preparou-se para protestar, dizendo que não estava apaixonado, mas sua irmã o interrompeu, cumprimentando-os alegremente.
        - Olá pessoas! Prontos para mais um dia de preparativos?
        - Eu até estaria pronta, se você tivesse me dito para que me preparar.
        - É simples, Elizabeth: vocês dois vão nos ajudar nos preparativos para a festa de primavera da escola!
        Joe se engasgou com o suco de abacaxi, tossindo freneticamente.
        - O que te faz crer que eu irei ajudar?  - ele perguntou, assim que as batidas que Lys lhe deu nas costas surtiram algum efeito, fazendo a tosse parar.
        - Por que, Joseph, eu inscrevi nós três para o comitê de decoração.
        Foi a vez de Lys engasgar.
        - Você está maluca, Hidel? Como é que teve a coragem de fazer isso sem nos consultar primeiro? Você só vive de decoração de festas?
        - Eu não pedi por que sabia que vocês diriam que não!- ela olhou para os dois, pidona, mas quando viu que eles não diriam nada, completou. – Qual é, um pouco de trabalho voluntário não mata ninguém! Por favor?
        Os dois se olharam, trocando informações silenciosas, parecendo pensar em conjunto. Mary continuou olhando para os dois, com a mesma expressão pidona de antes.
        - Ah, ok, mas só por que não temos escolha. – respondeu Joseph, por fim.
        Nesse momento, Ian entrou novamente na cozinha, já mais arrumado, abotoando a camisa preta. O perfume dele exalava ainda mais forte agora, depois de ter sido, provavelmente, reaplicado. Era inebriante, delicioso, atrativo... perigoso.
        - Ah, então você convenceu eles a irem com a gente? – perguntou o vampiro, inocente, como se seus ouvidos apurados não houvessem escutado a conversa toda.
        - Você vai juntou? – perguntou Lys, olhando para ele. Depois, virou-se para Mary. – Ele vai junto?
        - Ele disse que adoraria ajudar...
        A garota tentou não parecer tão afetada quanto estava. Tudo que a motivava a ir àquela escola em pleno sábado ajudar na decoração era ver-se longe dele. De que adiantaria ir para lá agora, se ele iria junto?
        Elizabeth bufou mentalmente, enquanto se jogava no sofá, esperando por Mary se arrumar.

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