domingo, 5 de fevereiro de 2012

Prólogo

Inglaterra, 1815

Está tudo tão confuso... Eu deveria estar morto agora. O que aconteceu de errado, afinal? Seria eu tão incompetente ao ponto de não conseguir nem cometer suicídio?
E pior: estou vivo, sem Lydia. Para que viver sem minha doce Lydia, afinal?
Ok, isso soou um tanto quanto depressivo. Mas a realidade é essa: ela era tudo o que eu tinha, e se foi. De que adianta viver sem nada, sem nenhum motivo para tal?
Mas está tudo tão confuso... Me sinto tão estranho... Nada parece estar certo, e eu não faço idéia de o que está errado. Deve ser comigo, ou com o mundo, ou Deus sabe lá.
Vejo uma garota muito bela aproximando-se. Ela está ferida, pedindo por socorro, duas manchas vermelhas sangrando em seu pescoço. E então, ela me vê. Com um grito, seus passos apressam-se para o lado contrário ao qual me encontro, como se estivesse incessantemente fugindo de mim.
Espremo os lábios um contra o outro, e sinto uma pontada de dor. Olho para minhas roupas encharcadas de sangue e toco em minhas presas. Finalmente, as lembranças me vêm à cabeça.
Estava andando pela rua, perdido e moribundo, uma faca atravessando meu peito. Eu mesmo a pus lá, se querem saber. Um homem apareceu e me mordeu. Não um homem, mas um repugnante vampiro. E então ele quebrou meu pescoço, e eu morri definitivamente. Quando acordei, bebi todo o sangue de uma garota e parte do sangue dessa, que agora fugia de mim.
Mas que droga, eu agora era o que sempre lutei para destruir: um vampiro.
Mas aquela sensação... ah, a sensação do sangue escorrendo pela minha garganta, a sensação de minhas presas perfurando aquele perfumado pescoço, a sensação de grandeza, de poder...
Sabe, sempre repudiei os vampiros por serem tão cruéis ao ponto de matar as pessoas sem remorso. Mas agora, sentindo a mesma sensação que eles, sentindo a euforia de beber sangue, a adrenalina da caçada... É tudo tão compreensível...
É isso que eu, Ioseph Armstrong, sou, a partir de agora: um vampiro. E, se quer saber, estou amando isso.

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