sábado, 25 de fevereiro de 2012

Capítulo 1 - Parte 3

Quando todos finalmente foram embora, sem nem ao menos darem-se por falta da aniversariante, Ian foi para o seu quarto e jogou-se na cama.
“Festa idiota, horrível, lotada de humanos. Esses humanos são todos dispensáveis. Graças a seja lá o que for, eu posso devorá-los. Pelo menos livro o planeta da sua existência tediosa e desmotivadora.” Pensou o vampiro, assim que suas costas afundaram no delicioso colchão da casa dos Hidel.
Depois, seus pensamentos vagaram até Lys. Por que, afinal, ela havia sido tão temerosa com relação a ele? Ele fora o exemplo da gentileza, fora educado, e isso já era um avanço, tratando-se de uma humana. E, ainda assim, fora engraçado, sensual, irresistível... afinal, ele era Ian Armstrong, ser assim já fazia parte de ser ele, anos e mais anos de experiência.
Mas por que, depois de tudo isso, ela havia sido tão... amedrontada graças à sua presença? Isso não era normal.
Normalmente, ele era quem causava medo nas garotas. Antes disso, nenhuma delas resistia aos seus encantos e à sua aparência. Ter uma garota tentando fugir dele sem que ele tenha provocado essa reação nela era um tanto quanto... intrigante.
Será que ela sabia sobre o que ele era? Não, impossível, ele não lembrava de tê-la visto antes em sua longa existência, e mesmo que em sua época de humano, jamais esqueceria daquele rosto tão jovial e belo...
Mas, se ela não sabia, então que explicação haveria ao seu estranho comportamento?
Qualquer uma que fosse a resposta, ela era um desafio que ele não deixaria escapar.
Antes de ser a caça, ela seria seu joguinho. E ele não jogava para perder.
Um sorriso surgiu em seus lábios, tingindo suas lindas feições com tons de maldade.

Elizabeth afundou no seu colchão de água. Ah, como ela odiava aquele colchão. Mil vezes seus pais houvessem dado de presente um colchão de molas. Mas não, deixaram-se ludibriar por uma infeliz vendedora que os afirmou ser aquele o melhor colchão já produzido. Ela podia ter avisado que não haveria troca também.
Mas o colchão era o menor de seus problemas.
Armstrong era seu maior problema. Ou melhor, o jeito como ela agiu para com Armstrong.
Ele era lindo, gentil, cavalheiro, engraçado... até beijara a sua mão! Mas... havia algo estranho nele, ela podia sentir. Ele escondia algo...
“Ah, esquece isso, Elizabeth, é coisa da sua cabeça. Está traumatizada por causa do Philip.” Ela tentou convencer-se.
Devia ser só isso. Devia ser trauma dela. Depois que Philip demonstrou-se um perfeito idiota, era compreensivo ela pensar que todos os homens tivessem algo a esconder, algo terrível e com total capacidade de ferir uma garota.
Antes de Philip ela podia até dar uma chance para Ian... agora não. Ela não conseguiria, mesmo se tentasse. Muito menos depois da sensação.
A garota enfiou a cabeça no travesseiro e tentou tirar sua mente dele.
Parecia que aquela seria mais uma noite que ela passaria em claro, absorta em pensamentos.

~*~

Elizabeth chegou à McKingley High mais cedo do que o habitual, pegou seus materiais e foi para a sala de aula. Não queria ter que falar com Mary tão cedo. Não por estar brava com a amiga, pelo contrário, ela não conseguiria ficar brava por tanto tempo. É só que Mary Anne a vira com o primo na festa, e iria fazer perguntas difíceis de serem respondidas... além disso, ela não havia dormido a noite toda, não queria ter que falar com ninguém de tão mau humor.
Mas ele não saia da sua cabeça. Que droga, por que ela não podia parar de pensar em quanto aqueles olhos azuis a amedrontavam?
Ela sentou-se em sua classe no exato momento em que o sinal bateu. Em poucos instantes, os alunos encheram a sala. A professora Margareth Lits, que lecionava química, entrou no local e, diferente do rotineiro, manteve-se em pé na frente da mesa.
- Alunos, acalmem-se. – ela esperou, mas o burburinho da sala continuou. Então, ela desistiu e continuou a falar. – Esses são Jacques Claude e Ann Marie Villaz, alunos de intercâmbio. Eles vieram da França e serão seus mais novos colegas, pelo menos na minha aula.
A professora indicou os lugares onde os alunos deviam sentar-se. Jacques sentou-se ao lado de Lys.
- Olá! Bem vindo à escola. Meu nome é Elizabeth...
- E eu sou a Mary Anne. – disse a garota, sentada na frente de Lys.
- Olá. – ele respondeu, a voz rouca arrepiando a nuca de Mary. – Meu nome é Jacques.
- Lindo sotaque, Jacques. – elogiou Mary. – mas, quem sabe... posso te chamar de Jake? Jacques é muito chique, só para momentos especiais. – falou a loira, cutucando a amiga por debaixo da classe.
Lys riu da investida nada discreta da amiga.
- Claro que pode. E vocês...
- Lys e Mary. – respondeu Lys, antes que a amiga se empolgasse demais e inventasse um apelido vergonhoso para si.
A conversa durou todo o período de química. Lys queria pular no pescoço da amiga, por não deixá-la prestar a atenção, mas na verdade, estava gostando do garoto.
No fim da aula, ela sabia que ele já havia viajado por vários lugares do mundo, tinha alergia a moluscos, não gostava de esportes e fazia aulas de teatro, chegando a ganhar grandes concursos franceses. Além disso, ele escrevia poesias e era muito legal.
Pelo menos ela não estava mais pensando em Ian. Além do mais, Jake podia ser um ótimo amigo.

As aulas passaram-se num piscar de olhos. Fora as conversas com Mary, Jake e Joe, ela havia esquecido todo o resto. Na verdade, ela não havia esquecido, o problema era que ela nem havia prestado a atenção. Mal havia dado-se conta de que professor era! Tudo por causa dele.
Que porcaria, por que, afinal, ela não conseguira tirá-lo da cabeça o dia todo? E pior, por que ela não conseguia tirar da cabeça o medo que sentia dele?
A garota largou seus materiais no armário e o trancou. Depois, tirou o celular do silencioso e dirigiu-se à saída da escola, estranhando por não encontrar Mary pelo caminho.

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