segunda-feira, 4 de junho de 2012

Capítulo 2 - Parte 3

- Bem vindo ao McKingley High, Ian.
- Medíocre, fedorento, imundo e sem graça. – completou Joe.
O colégio estava cheirando à omelete, revelando o que o refeitório trazia de almoço para as pessoas que estavam ajudando na preparação do ginásio.
Enquanto Mary tirava os materiais artísticos da sala da Srta. Murtgomery, Lys revirava seu armário à procura de fita, tesoura, cola, alfinetes ou qualquer coisa posta ali que, sem querer, servissem para algo.
- Então, Lizbela... – começou o vampiro, escorando-se no armário ao lado da garota. – Com quem você vai ao baile?
Lys olhou para o moreno de olhos azuis, em um misto de surpresa e descrença. Não pode impedir seus olhos de irem de encontro aos braços fortes do rapaz, apertados dentro do tecido da camisa preta.
- Eu não vou para o b...
- Você podia vir comigo! – ele a interrompeu. Vendo a cara de assustada da garota, ele completou. – Qual é, eu adoro bailes, e você é a única garota daqui que eu conheço, exceto, é claro, minha prima. E antes que sugira, não, eu não virei sem par, é ridículo e é coisa de nerd, e eu estou muito longe de ser nerd, como você bem pode ver. Além disso, Mary já vai ao baile com seu amiguinho, o... qual é o nome mesmo... Jacques Claude Villaz. – ele falou com desdém. – Ela não para de falar sobre isso. Eu até achei que ele fosse querer vir com você, mas...
O vampiro lançou um olhar esperto para a garota, um olhar que, silenciosamente, a dizia “Eu sei do seu truquezinho, e sei que ele não é nada seu. Não vai me escapar tão fácil.”
- Eu não...
- Por favor? – ele a interrompeu, novamente. Não queria ter de entrar na mente dela para manipular seus pensamentos. Ele era um caçador, teria que saber dominar sua presa.
- Ela vai! – disse Mary, respondendo pela garota, com os braços cheios de rolos de véus coloridos. – Ah Lys, qual é, vai privá-lo de vir ao baile?
Os dois a olharam, sérios, tentando convencê-la a aceitar.
- Ah, ok, eu aceito. – disse ela, sem escolha, a nuca arrepiando-se só pela ideia. – Mas só para seu primo ter um par. – Ela acrescentou, tentando amenizar o arrepio que tomava seu corpo.
Não adiantou.

A manhã passou-se rapidamente. Primeiro, um discurso inspirado sobre como deveriam fazer a escolha de cores, que no fim foram vermelho e dourado, para dar um tom acalorado à festa, disse Mary. Depois, tecidos e mais tecidos foram cortados para tentar encontrar a melhor maneira de decorar o salão. No fim, foram escolhidos a sobreposição de véus e alguns globos de espelho, para dar um toque retro.
Lys não achou uma escolha muito feliz a de juntar calor e anos 80, mas não ia reclamar. Afinal, quem entendia de festas era Mary, então sua palavra era uma ordem. Além disso, discutir traria apenas mais um de seus discursos inspirados.
Todo o pessoal da decoração foi almoçar omelete. Não que isso fosse, na realidade, um almoço, mas a cozinheira não pode estar na escola. A princípio, estava atrás de um vestido para alugar, vestido esse que vestiria no dia do baile.
- Parece que a velha Lourdes arranjou um velhote pra trazer pra dançar! – disse um engraçadinho, assim que a diretora Kremps explicou a situação. – Será que ela sabe que não é um baile da terceira idade?
Lys achou extremamente sem graça, mas todo o resto do refeitório, com exceção da diretora e de Ian, riu.
Depois de comer a omelete e o pudim de leite, Lys foi para o ginásio novamente. Ela estava sozinha lá, já que havia sido a primeira a acabar de almoçar. Comer rápido já havia se tornado um costume.
Subiu num andaime com um rolo de tecido vermelho, agulha, linha, barbante e alfinete, todo o necessário para pendurar o véu nas armações metálicas do teto do ginásio de eventos.
Agradeceu mentalmente por a festa não ser no ginásio de esportes, por que aí o andaime seria muito mais alto, e ela tinha medo de altura.
Lys ainda não entendia por que o salão estava sendo decorado com tanta antecedência. Uma semana... alguém iria destruir a decoração até lá.
Ela jogou o tecido por sobre a barra de ferro e pôs-se a costurar alguns pontos para que o tecido adquirisse uma boa sustentação. Mary a mataria se o tecido caísse no meio da festa, como no ano anterior.
Fora na errática decoração da festa do ano anterior que Mary havia decidido por ser decoradora de festas. Desde lá, não perdia uma chance de decorar nada, desde festas infantis até a festa de boas vindas para a avó dela, que esteve por um longo tempo no hospital e estava, finalmente, voltando para casa.
Acabou de prender aquele tecido e passou para o outro, que pendia logo ao lado.
Foi tudo muito rápido. Em um momento, estava em cima do andaime, prendendo o tecido de maneira nada habilidosa. Logo depois, estava caindo de lá de cima, indo, em alta velocidade, em direção ao chão.
Ela só se deu conta de o que estava acontecendo quando braços fortes a apertaram, fazendo-a tomar coragem para abrir os olhos.
- Eu morri? – perguntou ela, em uma tentativa frustrada de satirizar sua queda, ainda com medo. Ela podia ter morrido, se não fosse ele. – Estou no céu?
- Claro que não morreu, Lizbela, muito menos foi para o céu. Se estivesse no céu, você estaria nos meus braços, não nos dele. – disse Ian, ao lado de Jacques.
- Por que, Armstrong? Acha que eu não dou conta de levar uma garota para o céu? – perguntou Jacques, malicioso, apertando ainda mais os braços ao redor do corpo da garota, que tremia involuntariamente.
O aperto daqueles braços fortes e definidos só a fez tremer ainda mais.
- Eu não sei por que, Villaz, mas você parece, aos meus olhos, gostar de levar as garotas para outro lugar que não para o céu.
O francês estreitou os olhos.
- Pelo menos eu não coloco fogo nelas... literalmente. – ele o desafiou.
- Como se atreve... – disse Ian, ameaçando avançar em Jake.
Em um movimento rápido, o francês soltou Lys no chão e se pôs à sua frente, pronto para revidar qualquer ataque.
- Hey, parem vocês dois! – falou ela, usando do pouco de sua voz que ainda restava em seu ser. – Parem agora! – disse, um pouco mais forte dessa vez, colocando-se entre os dois.
Uma escuridão começou a cercar a garota pelas costas, tapando-lhe a visão rapidamente. E então esta a tomou e ela caiu no estranho mundo da inconsciência.

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